LIÇÃO 4: DEUS É TRINO

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INTRODUÇÃO

A doutrina da Trindade é uma das verdades centrais do cristianismo bíblico. Embora, a compreensão plena da relação entre o monoteísmo (definição da crença teológica que afirma a crença na existência de um único Deus) revelado no Antigo Testamento e a plena divindade de cada Pessoa da Trindade permaneça um mistério, é fundamental para a fé cristã.

Este estudo busca apresentar a Trindade à luz das Escrituras e da Teologia, reafirmando seu fundamento doutrinário sólido.

A Trindade (dogmas mais complexos e fascinantes do cristianismo) refere-se a um único Deus subsistindo em três Pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Esses três não são três deuses (triteísmo como alguns hereges distorcem), mas um único Deus em essência, coigual em poder, glória e eternidade.

Existe um método pelo qual as verdades que estão além do alcance da razão ainda podem, até certo ponto, tornar-se perceptíveis a ela. Referimo-nos ao uso da ilustração ou da analogia (comparação).

A natureza ajuda a compreender, vejamos.

O triângulo:

  • A afirmação “onde há três ângulos, há um triângulo” é um axioma da geometria, uma verdade fundamental que não necessita de prova. O triângulo possui três lados e três ângulos; se lhe tirarmos um lado, ele deixa de ser um triângulo. Assim, onde há três ângulos, há um triângulo.

Embora o triângulo possa ilustrar a unidade e a inseparabilidade das três pessoas da Trindade, ele é limitado, pois pode sugerir que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são partes de Deus. Na verdade, cada pessoa da Trindade é plenamente Deus.

O sol:

  • O sol é um, mas se manifesta de três formas: luz, calor e fogo. João, o apóstolo, disse: “Deus é luz”. Deus, o Pai, é invisível; tornou-se visível em Seu Filho e opera no mundo por meio do Espírito, que também é invisível, mas eficaz.

Essa analogia destaca manifestações distintas de algo único, mas também é limitada. Pode levar à ideia de modalismo, que é incorreta. O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são apenas manifestações de Deus; eles coexistem simultaneamente como pessoas distintas.

O ovo:

  • Assim como o ovo é uma única essência composta por casca, clara e gema. Deus é um único ser em três pessoas.

Essa analogia é especialmente limitada porque pode sugerir que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são partes de Deus. Na realidade, cada pessoa da Trindade é plenamente Deus e não apenas parte do todo.

Enfim, essas analogias representam o uso de categorias nomeadas da realidade terrena para tentar compreender o Deus Trino, que é Eterno.

As analogias contribuem como exemplos, mas de forma alguma chegam a uma conclusão definitiva. Deus está além de qualquer analogia, e Seu mistério não pode ser plenamente compreendido pela mente humana.

Didatizar conteúdo bíblico utilizando o método da analogia é possível. Entretanto, devem ser utilizadas com cuidado e não de forma forçada. Mesmo as melhores analogias são imperfeitas e inadequadas, bem como qualquer ilustração humana possui a sua limitação teológica.

FUNDAMENTOS BÍBLICOS DA TRINDADE

1. A unidade na Trindade (1 Coríntios 12:4-6)

O apóstolo Paulo descreve a diversidade de manifestações entre as Pessoas da Trindade, reafirmando que é o mesmo Deus que opera em todas as coisas. Ele menciona o Espírito, o Senhor (Filho) e Deus Pai como agentes em perfeita harmonia e unidade.

Menciona Paulo em (1 Co 12:4-6): Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.

A Escritura é clara: há um só Deus, como declara Dt 6:4: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor, mas as três Pessoas compartilham a mesma essência divina, como afirma Mt 28:19: Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.

  • Espírito Santo: Procede eternamente do Pai e do Filho, como ensinam Jo 15:26 Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim, e Gl 4:6 E, porque vós sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!
  • Filho: Eternamente gerado pelo Pai, mas coigual em divindade, como atestado em Jo 1:1: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus, e Jo 3:16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
  • Pai: A primeira Pessoa da Trindade, que não é gerado nem procede, mas é o originador das outras duas Pessoas, como enfatizado em Ef 1:3: Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo.

Essas distinções não sugerem inferioridade entre as Pessoas, mas demonstram sua relação perfeita e eterna.

2. A bênção apostólica (2 Coríntios 13:14)

A bênção final de Paulo destaca a Trindade ao mencionar a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo: A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós. Essa fórmula expressa a consciência trinitária da Igreja primitiva.

3. A revelação do Deus trino (Efésios 4:4-6)

Paulo enfatiza a unidade e diversidade na obra divina: Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são coeternos e coiguais, operando em unidade perfeita.

4. A divindade de cada Pessoa

As Escrituras afirmam a divindade plena de Jesus Cristo: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (Jo 1:1), e do Espírito Santo: Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (1 Co 3:16)

Essas verdades estão em completa harmonia com o monoteísmo bíblico, como ensina Mc 12:29: E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. A doutrina da Trindade é a única explicação coerente para essas declarações.

5. Testemunhos do Antigo e Novo Testamento

No Antigo Testamento, a Trindade é sugerida em passagens como Gn 1:26: Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. No Novo Testamento, ela é claramente revelada, como na fórmula batismal: Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mt 28:19).

 

HERESIAS RELACIONADAS À TRINDADE

1. Monarquianismo dinâmico

Essa visão negava a divindade plena de Jesus, sugerindo que Ele apenas recebeu poder divino temporário. Os monarquianistas dinâmicos (adocionismo) afirmavam que Cristo era um homem comum que foi adotado por Deus no momento de Seu batismo ou ressurreição, sendo então investido de poder divino.

Essa visão é contrária às Escrituras, que afirmam a eternidade e divindade do Filho. Em 1 Jo 5:20, lemos: E sabemos que já o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o Verdadeiro; e estamos no Verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. Além disso, Cl 1:15-17 enfatiza que Cristo é a imagem do Deus invisível e que todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele.

2. Monarquianismo modalista

O modalismo negava a distinção das Pessoas na Trindade, ensinando que Deus se manifestava como Pai, Filho e Espírito em momentos diferentes, mas nunca como três Pessoas simultâneas.

Essa heresia, também chamada de (sabelianismo), é refutada por textos como Mt 3:16-17, que mostram a manifestação simultânea das três Pessoas (modos): o Pai fala dos céus, o Espírito desce como pomba e o Filho é batizado, ou o Pai no Antigo Testamento, o Filho no Novo Testamento e o Espírito Santo após a ascensão de Cristo. Esse evento revela claramente a distinção entre as Pessoas divinas, enquanto mantêm a unidade da essência divina.

3. Arianismo

O arianismo, iniciado por Ário, negava a eternidade e a consubstancialidade do Filho, afirmando que Ele era a primeira criação de Deus, mas não Deus em essência. Textos como Jo 1:1-3 refutam essa ideia: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. Is 9:6 também testifica da divindade de Cristo ao chamá-lo de: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.

4. Outros desvios doutrinários

Outras heresias incluem o triteísmo, que divide a essência divina em três deuses distintos, e o subordinacionismo, que atribui ao Filho e ao Espírito Santo uma posição inferior em relação ao Pai. Essas visões são incompatíveis com a doutrina bíblica, que apresenta o Pai, o Filho e o Espírito Santo como coiguais em essência, poder e glória.

 

RESPOSTAS A OBJEÇÕES

1. Origem da doutrina trinitária

Alguns críticos afirmam que a doutrina da Trindade foi uma invenção do Concílio de Nicéia (325 d.C.). No entanto, documentos históricos mostram que a Igreja já reconhecia essa verdade muito antes. Tertuliano, no século II, utilizou o termo Trindade e descreveu Deus como três em um, por unidade de substância. O Concílio de Nicéia apenas reafirmou essa verdade para combater heresias como o arianismo, que ameaçava a compreensão bíblica da divindade de Cristo.

2. Declarações de Tertuliano

Tertuliano descreveu a Trindade como “três em um, por unidade de substância”. Essa definição reflete o ensino bíblico de que Deus é um em essência, mas subsiste em três Pessoas distintas. Isso se alinha com a revelação progressiva das Escrituras, que apresentam o Pai, o Filho e o Espírito Santo como coiguais e eternos. De acordo com a obra traduzida para o inglês: 

TERTULIANO. Against Praxeas. Tradução de A. Souter. Londres: Society for Promoting Christian Knowledge; Nova York: The Macmillan Company, 1920, p. 30.

“This economy arranges unity intrinity, regulating three, Father, Son and Spirit three, however, not in unchangeable condition, butin rank ; not in substance, but in attitude; not inoffice, but in appearance ; 3 but of one nature 4 andof one reality and of one power, because there is one God from whom these ranks and attitudes andappearances are derived in the name of Father andSon and Holy Spirit”.

Tradução: Esta economia organiza a unidade intrinsecamente, regulando três: Pai, Filho e Espírito; três, contudo, não em condição imutável, mas em grau; não em substância, mas em atitude; não em função, mas em aparência; sendo, no entanto, de uma só natureza, de uma só realidade e de um só poder, porque há um único Deus, de quem esses graus, atitudes e aparências são derivados, no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Considerações Finais

A doutrina da Trindade é essencial para o entendimento da natureza de Deus conforme revelado nas Escrituras. A compreensão do Deus trino não é apenas uma questão teológica, mas também prática, visto que as operações do Pai, do Filho e do Espírito Santo impactam diretamente a vida e a missão da Igreja. Essa doutrina não compromete o monoteísmo bíblico, mas o enriquece, revelando o amor e a comunhão perfeitos no Deus triúno.

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4 comentários em “LIÇÃO 4: DEUS É TRINO”

    • Olá, Gabriel Mendes!
      Agradecemos imensamente pelo seu contato com o CETHF.
      Estamos comprometidos em continuar publicando novos conteúdos para enriquecer sua jornada de aprendizado e reflexão.
      Conte sempre conosco!
      Atenciosamente,
      CETHF – Centro de Estudos Teológico, Histórico e Filosófico

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